
Na época em que ficamos pensando... "o que vou ser quando crescer...", em que todos enlouquecem com a dúvida cruel sobre qual profissão escolher para o resto da vida, nessa época, eu sabia exatamente o que queria... procurei me informar num desses manuais que falam sobre todos os cursos universitários, sobre as profissões e ainda conceituam as faculdades com estrelinhas. A primeira coisa que me veio à cabeça foi: "FACULDADE DE DANÇA!!"
Li uma vez que cada um de nós tem sua LENDA PESSOAL que funciona como se fosse uma missão nossa aqui na Terra e que se fugirmos dela, ficamos incompletos e, obviamente... infelizes. Num dado momento da nossa passagem por aqui pela Terra, geralmente no finalzinho da infância, início da adolescência, nos é revelada a nossa lenda pessoal, só que, na maioria das vezes, não damos ouvidos a essa revelação. Isso acontece por imaturidade para decifrar esses códigos ou por pura falta de atenção para os sinais que nos são dados sobre qual o melhor caminho a ser seguido. Geralmente essa informaçção vem muito cedo e as nossas escolhas na vida vão nos afastando da nossa verdadeira "missão".
Um belo dia, um grande amigo me envia um vídeo de dança - que não consigo parar de assistir - e, ao assistí-lo, o primeiro pensamento que me veio à cabeça foi que um dia eu quis muito ser bailarina! Imediatamente após essa lembrança, toda essa história de lenda pessoal me voltou à memória e um sentimento de fracasso e de escolhas erradas me invadiu. pois desde então percebi que minha lenda pessoal era a dança e eu a abandonei por completo quando decidi estudar outras coisas.
Todo esse rio de pensamnetos me fez recordar que desde quando eu era muito pequena, minha mãe saía e me deixava em casa com algumas tarefas a serem cumpridas e ao invés de cumpri-las eu arredava os móveis da sala, colocava TODAS as músicas que eu mais gostava (e olha que eram muitas) e dançava a tarde inteira... somente meia hora antes da minha mãe chegar é que eu começava a fazer as obrigações que ela tinha me dado. Claro que ela sempre me pegava com a "boca na botija"! Eu nunca conseguia terminar as tarefas antes dela chegar e ainda por cima, o chão, que era de tábua corrida e sempre muito encerado, ficava todo marcado. A bronca era certeira mas minha mãe não me reprimia... Perdi a conta de quantas vezes meu pai me pegou dançando em frente ao espelho ou em frente ao vidro da porta que refletia a minha imagem e saía de fininho com um sorriso "de canto de boca", balançando a cabeça. Se fosse possivel ler ou ouvir seus pensamentos, com certeza seria: "Coitada... deixa ela ser feliz!"
Sempre adorei dançar!!!! e, voltando ao começo de tudo, tomei a decisão que faria faculdade de dança até que ganhei meu primeiro cachorrinho... descobri minha loucura por cachorros (como meu pai) até que um deles adoeceu e morreu... decidi então que seria veterinária. Assim, no decorrer da minha hitória, fui fazendo escolhas e tomando decisões que me afastaram da minha lenda pessoal... DANÇAR!
Hoje, tantos anos depois, descobri que me afastar da dança me fez "murchar" e que por esse e por outros motivos ainda não estou ou sou completa.
A vida, através do meu amigo, me mostrou que estou caminhando em sentido contrário à minha "missão" e despertou em mim a certeza de que sempre é tempo de fazer novas escolhas, tomar novas decisões, tomar novos rumos, lutar por novos amores, objetivos (seja lá o que for) e conquistá-los.
Somos sempre muito bem protegidos e guiados, nós, em nossa imensurável ignorância é que não sabemos decifrar os sinais que nos são dados todos os dias.